quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Informe da Estadual do SINTE

Educação não incorpora Agricultura Familiar e sim obriga a cumprir Termo de Ajustamento de Conduta
A coluna de Moacir Pereira de hoje (10/12) anuncia a notícia da assinatura de contrato com 18 cooperativas agrícolas, para compra de produtos da agricultura familiar à merenda escolar, o que vai beneficiar não apenas os agricultores, mas também melhorar a qualidade da merenda oferecida aos/às alunos/as da rede estadual de ensino. Entretanto, bem sabe o nobre colunista, pois já divulgamos notas a respeito do tema, que não foi bem assim que os fatos aconteceram.
O SINTE/SC é membro do Conselho de Alimentação Escolar, com dois Conselheiros Titulares e dois Suplentes, e tem participado, de forma efetiva, das fiscalizações e análises de contas das compras de alimentação escolar, feitas pelo governo do Estado. Por isso, nos damos ao direito de opinar sobre o assunto.
Nos causou espanto a forma tendenciosa como o tema está sendo tratado, dando a entender que o anúncio feito pela SED é um ato que demonstra a eficiência do governo, e sua preocupação com a saúde dos/as alunos/as da rede pública de ensino. E, também, não é de hoje que vemos claramente que grandes veículos de comunicação, como o Diário Catarinense, estão cada vez mais tornando-se porta-vozes do governo do Estado, deixando de ouvir outros setores da sociedade catarinense.
A verdade é que este fato só está acontecendo devido à obrigação do governo em cumprir o TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), estabelecido pelos Inquéritos Civis nn⁰1.33.000.001719/2012-11 e 1.33.000.00752/2011-35, entre “O ministério Público Federal (MPF), representado pelos Procuradores da República signatários, o Estado de Santa Catarina, representado pelo seu governador Raimundo Colombo e pelo seu Secretário de Educação Eduardo Deschamps, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), representado pelo seu presidente Romeu Welinton Caputo, e o Conselho de Alimentação Escolar de Santa Catarina, representado por sua presidente Maria de Fátima Antunes Fuhro”.
Esta exigência, feita pelo Ministério Público Federal, se deve às reiteradas denúncias feitas pelo CAE, sobre as péssimas condições de higiene, qualidade, condições de preparo, falta de profissionais habilitados, locais inadequados para o armazenamento, produtos alimentícios com data de validade vencida, oferta aos/às alunos/as de alimentos industrializados, descumprimento de cardápio, por parte das terceirizadas contratadas para fornecer alimentação escolar.
Além disto, sobre o descumprimento, por parte do governo, da Lei 11.947/09, arts. 11 e 12; Resolução CD/FNDE 26, de 17.07.13, arts. 12 e 14), que estabelece a compra de no mínimo 30% (trinta por cento) do total dos recursos financeiros repassados ao governo do Estado, pelo FNDE, de gêneros alimentícios oriundos da agricultura familiar, empreendedor familiar, com prioridade aos assentamentos da reforma agrária, as comunidades tradicionais indígenas e comunidades quilombolas, desde que preencham as exigências do controle de qualidade estabelecidas em lei. Informamos que no ano de 2012 a compra de produtos dos setores agrícolas acima citados, não chegou a 1%, e, em 2013, devido aàrigorosa fiscalização feita pelo CAE e a intervenção do FNDE, esta compra aumentou, mas não ultrapassou os 4%. Já as compras de 2014 serão avaliadas pelo CAE, em reuniões extraordinárias, marcadas para os dias 26 de janeiro e 25 de fevereiro de 2015. Só então saberemos o percentual que foi adquirido, mas acreditamos que não chegue aos 5%. Nem mesmo a assinatura com as cooperativas citadas vai garantir que 30% dessa alimentação sejam efetivamente adquiridas da agricultura familiar, já que as terceirizadas não compram desse setor.
Se levarmos em consideração que o prazo para o cumprimento do TAC inicia na data de sua assinatura, que ocorreu no dia 14 de agosto de 2014, e suas exigências vão muito além da compra de gêneros alimentícios, pois a lista de irregularidades cometidas pelo governo do Estado, na questão da alimentação escolar, é bastante extensa, e a maioria delas não está sendo cumprida, este deveria estar fazendo uma “mea culpa”, e informando à população, a verdade sobre os fatos.

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