segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Carta enviada ao Ministro da Educação em visita ao estado.


Antônio Carlos, outubro de 2012.

Excelentíssimo Ministro da Educação Sr Aloizio Mercadante


Vimos nesta histórica oportunidade agradecer seu reconhecimento pelo nosso bom trabalho realizado, lembrando porém que somos a exceção enquanto na verdade, deveríamos ser a regra.
Este bom resultado que nossa escola alcançou tem muito a ver com o respaldo que a comunidade ainda nos dá. Sim, nos falta muitas vezes apoio financeiro do Estado, e o que a escola melhora em sua parte física vem do dinheiro das festas que temos de fazer e, apesar de nosso baixo salário e da falta de uma melhor estrutura física, ainda conseguimos uma boa qualidade de ensino.
Mas a escola vem ano após ano perdendo sua autoridade e nossa classe o respeito. Quando questionamos nossos alunos quanto ao que querem ser no futuro e um deles responde “professor”, vira motivo de chacota entre os colegas. Sem contar o quanto é lamentável ver tantos amigos que fazem um trabalho sério ficando doentes pela realidade vivida em sala de aula, porque parece que os alunos tem todos os direitos e nós, estamos sempre errados.
Como assistimos dias atrás, um aluno escreve em seu blog que o professor teve uma atitude extrema como a de bater com o livro na mesa e ele é afastado, mas ninguém fala da atitude do aluno em expor esse professor ou explica a circunstância que fez o professor chegar ao seu limite. A bagunça, o descaso e a falta de interesse do aluno parece não ser importante no contexto atual. Aliás, reprovação nem pensar, só se pensa em passar os alunos para que o Estado contemple estatísticas internacionais. Infelizmente ninguém lembra que alguns alunos merecem reprovar pelo simples fato de se negar a fazer qualquer atividade o ano inteiro.
Queremos, ministro, poder andar com a cabeça erguida, trabalhar e enfrentar tantos desafios com a tranqüilidade de sabermos que temos uma carreira com plano de cargos e salários decentes, o que não está acontecendo em nosso Estado.
Imagine como será a educação daqui a 20 anos se ela continuar decaindo de sua qualidade como está? Afinal, como pode uma pessoa formada no ensino médio dar aula em nossas classes? Onde está a valorização pelos nossos quatro anos de faculdade, nas especializações e cursos de aperfeiçoamento pagos com nossos recursos? Como pode pessoas com formações diversas em qualquer outra área entrar numa classe para lecionar? Será que também nós, com nosso diploma de professor podemos atender como médicos, enfermeiros, engenheiros ou dentistas? Porque só nossa profissão é assim bagunçada?
Bons professores estão se aposentando! Novos professores sem formação específica estão preenchendo esses contracheques. Só nos perguntamos se vocês deixariam isso acontecer se a lei obrigasse os filhos dos políticos a terem que estudar em escolas públicas.
Aqui em Antônio Carlos, os filhos dos prefeitos e dos vereadores foram ou ainda são nossos alunos. Temos certeza que se a lei obrigasse muitos políticos tentariam uma vaga aqui para seus filhos. Mas até quando vamos conseguir manter nossa qualidade?
Então Ministro, não custa pedir ao senhor o que gostaríamos de gritar ao nosso governador: faça com que nosso país reavalie com respeito, eficiência e rapidez o plano de carreira do magistério público. O nosso, ou melhor, o plano de carreira do magistério de nosso Estado, encontra-se achatado, nosso salário defasado e a estrutura física de nossa escola precária.
Ficamos felizes em receber sua visita, mesmo que dessa forma menos calorosa, mas ficamos indignados por lembrar que aquele que nos representa diante da nação, nosso excelentíssimo governador, não fez o mesmo, nem se quer se deu ao trabalho de vir nos conhecer. E ele mora bem mais perto... .
Respeitosamente, os professores da EEB Altamiro Guimarães.

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