Estudantes secundaristas das redes estadual, municipal e
federal de ensino de Chapecó-SC, ao longo dos últimos 40 dias, estiveram
ocupando as suas próprias escolas como forma de protesto contra os retrocessos
que serão causados com as aprovações da PEC 55 (que prevê o congelamento dos investimentos
públicos ao longo dos próximos 20 anos), a MP 746 (que precariza o Ensino Médio
Público, através de uma ampla reforma em seu currículo e funcionamento) e a Lei
da Mordaça (com o projeto Escola Sem Partido).
Diferentemente do que lideranças políticas locais,
professores, pais e até mesmo colegas de turma pensam (ao nos chamar de “baderneiros”,
“desocupados”, “manipulados” e até “acéfalos”, além de nos ofender e agredir de
diversas formas), nós resistimos às pressões e reforçamos os nossos objetivos
em defesa de uma educação pública e emancipatória, em que todos os estudantes
sejam respeitados enquanto sujeitos de suas próprias histórias. É preciso
destacar que, durante os dias de ocupação, nós organizamos aulas públicas,
oficinas pedagógicas com estudos dos conteudos escolares, rodas de conversa,
atividades culturais e de formação política.
Reforçamos a nossa compreensão de que a escola pública não
tem donos, pertence ao povo e é por excelência o espaço de formação para o
exercício pleno da cidadania. Desta forma, a escola é sim o espaço de luta por
direitos e emancipação. O movimento nacional das ocupações levou, por exemplo,
os parlamentares a emitir cerca de 568 emendas para mudar o texto da MP 746,
que voltou a incluir o ensino de artes e educação física como disciplinas obrigatórias;
inseriu a língua materna indígena também como obrigatória, conjuntamente com a
língua portuguesa; ampliou o tempo de oferta dos componentes curriculares da
Base Nacional Comum para 60%; expandiu os prazos para financiamento das escolas
de tempo integral por parte do Governo Federal de 5 para 10 anos; entre outras
alterações. Juntos, iremos atuar permanentemente para que todas essas medidas
sejam respeitadas e continuaremos lutando para impedir todas as formas de
precarização do ensino público.
Nesse tempo de ocupação, nos reunimos com a Gerência
Regional de Educação de Chapecó, que se comprometeu a realizar reformas
estruturais, conforme as demandas levantadas em cada escola ocupada. Acompanharemos de perto a efetivação deste
compromisso registrado em ata e não vamos admitir nenhum retrocesso. Hoje, estamos
desocupando as escolas. No entanto permaneceremos na luta pela manutenção e
ampliação de direitos, por uma escola plena de conhecimentos e práticas éticas
comprometidas com a transformação social, com a formação crítica e o
protagonismo daqueles que são a essência da escola – os estudantes.
Assinam abaixo representantes das ocupações das seguintes
escolas:
EEB Antônio
Morandini
EIEF Sape Tyko
EIEF Sape Tyko
EEB Tancredo de Almeida Neves
EBM Jardim do Lago
EEB Geni Comel EBM Jardim do Lago
EIEF Fen nó
IFSC/Chapecó
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