quinta-feira, 21 de setembro de 2017

O diário online não pode punir os professores


O Diário digital (frequência), Diário de classe (registro de conteúdos aplicados em sala de aula), também conhecidos como diário de classe Online, estão no portal Professor Online. Foram testados em 2014 e implantados a partir de 2015, sendo um ambiente virtual que reúne dados pedagógicos a serem aplicados em sala de aula, os conteúdos das atividades, o registro de presença, as avaliações aplicadas e o lançamento de notas, que antes eram feitos no diário de classe convencional. Segundo o governo, foi uma ferramenta construída para facilitar o trabalho pedagógico dos professores na rede estadual e onde somente o professor terá acesso para inserir as informações que diz respeito a sua disciplina, mas também poderá acompanhar o desempenho do estudante em outras disciplinas cursadas. Outro objetivo é economizar papel e diminuir as horas de trabalhos dos docentes no preenchimento dos diários físicos.
O Estudante Online foi outra plataforma prometida, que usa a mesma base de dados do Professor Online e disponibiliza o acesso às notas, o registro de presença e faltas e observações dos professores sobre o desenvolvimento dos estudantes em todas as disciplinas. O governo também prometeu disponibilizar os materiais didáticos na plataforma, para que pudessem ser acessados através do número de matrícula e data de nascimento do estudante. Isso foi pouco divulgado e não se possui nenhum diagnóstico sobre sua real utilização pelos pais e estudantes. Também o que ficou somente no papel foi o registro automático da presença dos alunos por meio de um cartão magnético.
O SINTE/SC e os professores não são contra o uso das novas tecnologias na educação. Porém, desde sua implantação na rede estadual, este projeto nunca funcionou de forma adequada, pois o governo do estado nunca garantiu as condições mínimas necessárias para seu funcionamento. Na maioria das quase 1.100 escolas estaduais não existe uma rede de internet que dê suporte online para o desenvolvimento perene dos acessos feitos pelos professores. Na maioria das escolas a rede da internet é fraca e não tem capacidade de suportar tantos acessos ao mesmo tempo, os professores acabam utilizando sua própria rede móvel na escola ou utilizando outro ambiente para realizar seu trabalho.
Por esse motivo, na maioria dos casos os professores fazem o registro escrito no diário físico e depois passam para o diário online, fazendo o trabalho dobrado, não ocorrendo a economia do tempo. Não há equipamentos adequados disponíveis para que os professores possam acessar diariamente a plataforma e inserir as informações necessárias para o registro e acompanhamento de seu trabalho pedagógico, ou seja, o estado não oferece computadores, notebooks e tablets aos professores. Esses por sua vez, realizam o trabalho utilizando o seu próprio equipamento na sua hora atividade ou em outro ambiente, pois os equipamentos da escola ou são poucos ou na maioria das vezes estão com problemas. 
Além disso, existem muitas críticas com relação a plataforma. Uma informação inserida apenas uma vez poderia conectar com outros campos, que necessitam da mesma informação. Na atual plataforma não é assim, sendo necessário inserir, por exemplo, a falta em dois campos, no das frequências e no das avaliações. A falta inserida uma vez no campo da frequência deveria conectar com a falta no campo das avaliações, já que o estudante não esteve presente nessa avaliação.
Diante do exposto, das críticas, das exigências e da falta de resposta do governo do estado relativo ao diário online o SINTE/SC orienta que:
1) Os professores devem se posicionar coletivamente em reunião com o conselho deliberativo escolar ou assembleia de pais a respeito do diário online na sua unidade escolar, apontado os problemas enfrentados para o pleno desenvolvimento de seu trabalho pedagógico e indicando as soluções para tal, exigindo resposta urgente por parte do governo do estado através da direção da escola, Gered ou SED com prazo determinado;
2) A comunidade escolar, através do seu conselho deliberativo ou assembleia de pais, deverá escolher de forma autônoma o melhor e o mais eficaz mecanismo de registro diário das atividades dos estudantes;
3) O governo do estado não pode exigir o preenchimento do diário online se não oferece as condições elencadas anteriormente;
4) Nenhum professor pode ser coagido ou assediado para preencher o diário online com seu próprio equipamento;
5) O professor não pode ser convocado para ir na Gered dar explicações sobre o não preenchimento do diário Online. Caso a Gered queira explicações, os responsáveis devem se dirigir ao local de trabalho do professor.
Para melhorar a educação não basta criar uma ilusão na mídia, fazendo com que a sociedade imagine que tudo está perfeito. É necessário mais que isso! O governo deve realizar os investimentos necessários, os quais é obrigado por lei e que a décadas vem negando à sociedade catarinense.
Os resultados estão aí e o governo faz questão de esconder. Paga um dos piores salários aos trabalhadores em educação; não faz concursos e quando os realiza, disponibiliza o mínimo de vagas para efetivação; mantém mais de 50% do quadro do magistério com profissionais em contratos precários (Acts); sucateia as estruturas das escolas, fazendo fechamento das mesmas ou entregando-as para os municípios. Enfim, é um dos estados com os maiores índices de evasão escolar no Ensino Médio do Brasil. O responsável por isso é o governo e não os trabalhadores em educação!
SINTE SC

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