PNE
é aprovado na Câmara e CNTE lutará por dois vetos na Lei
A
Câmara dos Deputados concluiu ontem (3/6) a votação do PL
8.035/2010, que versa sobre o Plano Nacional de Educação, após
três anos e meio de tramitação no Congresso.Dos dois pontos
pendentes de votação nessa terça-feira, um foi aprovado pelo
plenário e outro retirado da pauta.
A
vitória da sociedade ficou por conta da incorporação do Custo
Aluno Qualidade (inicial e permanente) com a devida complementação
da União, mecanismo que deverá ser regulamentado pelo Congresso nos
próximos dois anos. Por outro lado, os parlamentares optaram por
abrir mão do financiamento público exclusivamente para a educação
pública, possibilitando repasses a entidades privadas nos termos da
redação aprovada pelo Senado para o art. 5º, § 4º do projeto de
PNE.
Na
semana anterior, por ocasião da votação do texto base do PNE, a
Câmara já havia incorporado a estratégia 7.36 do Senado, a qual
contraria a perspectiva de uma escola pública, democrática e de
qualidade para todos/as. O dispositivo consolida a lógica de uma
meritocracia perversa para as escolas públicas – dada as
diferentes realidades sociais dos estudantes e a necessidade de
valorização das carreiras dos trabalhadores escolares –, devendo
ter resultados contraproducentes no processo escolar.
Em
razão dessas questões prejudiciais, o Conselho Nacional de
Entidades da CNTE aprovou a realização de campanha pelo veto
presidencial ao parágrafo 4º do art. 5º do projeto de lei do PNE –
a fim de prevalecer o comando da meta 20, que destina 10% do PIB para
a educação pública – e também à estratégia 7.36, pelas razões
acima expostas.
Em
outra frente de luta, a CNTE e seus sindicatos filiados mobilizarão
as comunidades escolares para pressionar a elaboração democrática
e a aprovação dos planos estaduais, distrital e municipais de
educação, dentro do prazo definido pelo PNE – 1 ano após a
vigência da lei federal.
Os
planos infranacionais devem pautar os temas do PNE, porém as metas,
as estratégias e as correspondentes ações podem e devem ser mais
ousadas que a do plano nacional. Dentre os desafios, destaques para o
incremento no financiamento – devendo, ao menos, cada unidade
federada dobrar o atual investimento na educação em relação ao
PIB local – e para a regulamentação da gestão democrática, dos
planos de carreira para todos os trabalhadores escolares, do
aprimoramento das instâncias de controle social sobre as verbas
públicas, do acesso à formação profissional inicial e continuada
para professores e funcionários e do regime de contratação
permanente de profissionais pelas redes de ensino.
Sobre
este último ponto, o PNE estabeleceu prazo de até três anos para
que as redes de ensino incorporem 90% dos/as professores/as nos
quadros permanentes de servidores públicos e, no mínimo, 50% dos
funcionários da educação.
Não
obstante os pontos que serão alvo da campanha pelos vetos
presidenciais, a CNTE considera que o novo Plano Nacional de Educação
eleva o patamar de luta dos/as trabalhadores/as em educação e da
sociedade por escola pública de qualidade para todos/as, razão pela
qual a mobilização dos atores educacionais deve concentrar-se na
implementação integral do PNE em todas as redes escolares.
Dentre
as principais pautas para o próximo período, além das citadas
acima, estão a regulamentação do sistema nacional de educação,
em até dois anos, a aprovação da Lei de Responsabilidade
Educacional, em até um ano, a realização do censo dos funcionários
da educação, a universalização das matrículas escolares dos
estudantes de 4 a 17 anos, com atenção especial à expansão das
creches públicas, ao combate do analfabetismo com a consequente
elevação da escolaridade da população jovem e adulta do país,
além da ampliação das vagas públicas na educação técnica
profissional e no ensino superior e a implementação do CAQi e CAQ
como referencial para as políticas de melhoria da qualidade da
educação e de valorização de seus profissionais.
A
CNTE aproveita para parabenizar seus sindicatos filiados e os demais
parceiros pela luta que garantiu avanços importantes no projeto
original do PNE, mesmo com todo o atraso na tramitação, bastante
prejudicial do ponto de vista da urgência em se garantir o pleno
direito ao acesso e à aprendizagem dos estudantes na escola pública.
Em
breve, a CNTE publicará uma avaliação do PNE contendo a posição
da Entidade sobre todos os pontos da futura Lei que norteará as
políticas públicas educacionais na próxima década no país.
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