Vítor Santos
Agência AL
O curso de Medicina da
Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus Chapecó, cujas
aulas estão previstas para iniciar dia 23 de fevereiro de 2015, terá
mais de 80% das vagas reservadas para egressos da escola pública.
“Das 40 vagas, seguramente 35 serão para alunos de escolas
públicas, de todo o país”, enfatizou o reitor da UFFS, professor
Jaime Giolo, durante audiência pública da Comissão de Saúde,
realizada na noite desta quinta-feira (15) no plenário da Câmara de
Vereadores de Chapecó. “Façam o Enem, selecionaremos por este
sistema”, garantiu o reitor, que justificou o percentual, alegando
que corresponde à proporção de jovens catarinenses matriculados na
escola pública. Participaram da importante audiência pública, a
Secretária dos Aposentados e Assuntos Previdenciários do SINTE/SC,
professora Inês Leodete Fortes Pereira, a Secretária Adjunta de
Organização – Oeste – do SINTE/SC, professora Alvete Pasin
Bedin, a Coordenadora Regional do SINTE de Chapecó, professora Zigue
Timm, e o Conselheiro da Regional de Chapecó, professor e vereador
Cleber Ceccon.
Volnei Morastoni (PT), que
preside Comissão de Saúde, explicou à comunidade presente,
principalmente estudantes do ensino médio, que o curso será
direcionado à prevenção e à atenção básica. “Os estudantes
serão imersos no sistema público de saúde para conhecerem o SUS
por dentro”, explicou o professor Derlan Trombetta, coordenador do
grupo de trabalho que revisa o Projeto Pedagógico, acrescentando que
haverá “formação técnica associada à formação humanista”.
Para Morastoni, “do ponto de vista da população e da saúde
pública, o programa curricular será muito importante”.
A professora Leoni Terezinha
Zenevics revelou que as negociações junto ao Hospital Regional
Lenoir Vargas Ferreira estão avançando, uma vez que o maior
nosocômio do Oeste será transformado em hospital-escola, exigindo
modificações físicas, como a construção de salas de aula,
auditório, biblioteca e, inclusive, um espaço para o banco de
leite.
De acordo com Luciane Carminatti
(PT), que requereu a realização da audiência, o governo do estado,
depois de gestão sua e do deputado Gelson Merisio (PSD),
disponibilizou R$ 500 mil para a elaboração do projeto
arquitetônico do Hospital Regional. “Eu estava namorando o
deputado Merisio há muito tempo para conseguir este dinheiro”,
brincou Carminatti, aludindo à rivalidade política existente entre
PT e PSD na região Oeste. Além disso, Carminatti informou que
emenda parlamentar do deputado federal Pedro Uczai (PT/SC), no valor
de R$ 6 milhões, garantirá a aquisição de equipamentos para o
hospital-escola.
Já a professora Valéria
Silvana Faganello Madureira lembrou que será necessário ampliar o
número de leitos do SUS, de modo a cumprir a legislação, que prevê
no mínimo cinco leitos por aluno no município sede do curso de
medicina. Valéria também adiantou que o Ministério da Educação
exige “pelo menos três programas de residência médica”, que
serão definidas entre cirurgia geral, clínica médica, ginecologia
e obstetrícia e traumatologia e ortopedia.
Por último, o professor Vicente
de Paula relatou que a UFFS formatou seis convênios com hospitais da
região, visando ampliar as atividades de ensino, pesquisa e
extensão, residências médicas e até cursos de pós-graduação.
Também foram formalizados convênios com quatro municípios,
estabelecendo regras de intercâmbio de profissionais no âmbito do
SUS entre as municipalidades e a UFFS.
O deputado Dirceu Dresch (PT)
elogiou a intenção da UFFS de “apostar na prevenção”, e
defendeu a formação de médicos que atendam os catarinenses,
“tenham ou não dinheiro”. Para o parlamentar, a partir do
programa Mais Médicos, do governo federal, “a sociedade brasileira
não aceitará mais não ser atendida”.
Contratando professores
O vice-reitor da UFFS, Antonio
Inácio Andreoli, informou que a universidade já está contratando
professores para lecionar no curso de medicina. “O edital já foi
lançado e a prova será dia 8 de junho. Queremos contratar
professores para seis áreas”, explicou.
A opinião dos oestinos
Zenaide Coletto, representante
do Movimento de Mulheres Camponesas, argumentou que o “movimento do
campo tem sonhado junto” com os idealizadores do curso de medicina
da UFFS e destacou a importância de priorizar a saúde pública, com
ênfase na prevenção e disseminação de hábitos saudáveis.
Jamile Mocelin, que cursa
medicina na Univali, em Itajaí, agradeceu o esforço de todos
aqueles que se envolveram na estruturação do curso de medicina da
UFFS. Ela informou que pretende se candidatar a uma vaga, uma vez que
frequentou o ensino médio em escola pública. “Quero trabalhar e
estudar perto de casa, para cuidar do povo que amo. Muito obrigada de
coração”, declarou.
Prestígio local
Participaram da audiência o
procurador de Justiça Rafael Alberto da Silva Moser, o defensor
público João Coutinho, os vereadores de Chapecó Nacir
Marchesini,Cleiton Fossá e Professor Cleber Ceccon, a coordenadora
do curso de medicina da Unochapecó, Aldarice Pereira da Fonseca, bem
como profissionais da saúde, representantes dos movimentos sociais e
estudantes do ensino médio da região Oeste.