sexta-feira, 16 de maio de 2014

Medicina da UFFS terá mais de 80% das vagas reservadas a alunos da escola pública

Vítor Santos
Agência AL

O curso de Medicina da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus Chapecó, cujas aulas estão previstas para iniciar dia 23 de fevereiro de 2015, terá mais de 80% das vagas reservadas para egressos da escola pública. “Das 40 vagas, seguramente 35 serão para alunos de escolas públicas, de todo o país”, enfatizou o reitor da UFFS, professor Jaime Giolo, durante audiência pública da Comissão de Saúde, realizada na noite desta quinta-feira (15) no plenário da Câmara de Vereadores de Chapecó. “Façam o Enem, selecionaremos por este sistema”, garantiu o reitor, que justificou o percentual, alegando que corresponde à proporção de jovens catarinenses matriculados na escola pública. Participaram da importante audiência pública, a Secretária dos Aposentados e Assuntos Previdenciários do SINTE/SC, professora Inês Leodete Fortes Pereira, a Secretária Adjunta de Organização – Oeste – do SINTE/SC, professora Alvete Pasin Bedin, a Coordenadora Regional do SINTE de Chapecó, professora Zigue Timm, e o Conselheiro da Regional de Chapecó, professor e vereador Cleber Ceccon.
Volnei Morastoni (PT), que preside Comissão de Saúde, explicou à comunidade presente, principalmente estudantes do ensino médio, que o curso será direcionado à prevenção e à atenção básica. “Os estudantes serão imersos no sistema público de saúde para conhecerem o SUS por dentro”, explicou o professor Derlan Trombetta, coordenador do grupo de trabalho que revisa o Projeto Pedagógico, acrescentando que haverá “formação técnica associada à formação humanista”. Para Morastoni, “do ponto de vista da população e da saúde pública, o programa curricular será muito importante”.
A professora Leoni Terezinha Zenevics revelou que as negociações junto ao Hospital Regional Lenoir Vargas Ferreira estão avançando, uma vez que o maior nosocômio do Oeste será transformado em hospital-escola, exigindo modificações físicas, como a construção de salas de aula, auditório, biblioteca e, inclusive, um espaço para o banco de leite.
De acordo com Luciane Carminatti (PT), que requereu a realização da audiência, o governo do estado, depois de gestão sua e do deputado Gelson Merisio (PSD), disponibilizou R$ 500 mil para a elaboração do projeto arquitetônico do Hospital Regional. “Eu estava namorando o deputado Merisio há muito tempo para conseguir este dinheiro”, brincou Carminatti, aludindo à rivalidade política existente entre PT e PSD na região Oeste. Além disso, Carminatti informou que emenda parlamentar do deputado federal Pedro Uczai (PT/SC), no valor de R$ 6 milhões, garantirá a aquisição de equipamentos para o hospital-escola.
Já a professora Valéria Silvana Faganello Madureira lembrou que será necessário ampliar o número de leitos do SUS, de modo a cumprir a legislação, que prevê no mínimo cinco leitos por aluno no município sede do curso de medicina. Valéria também adiantou que o Ministério da Educação exige “pelo menos três programas de residência médica”, que serão definidas entre cirurgia geral, clínica médica, ginecologia e obstetrícia e traumatologia e ortopedia.
Por último, o professor Vicente de Paula relatou que a UFFS formatou seis convênios com hospitais da região, visando ampliar as atividades de ensino, pesquisa e extensão, residências médicas e até cursos de pós-graduação. Também foram formalizados convênios com quatro municípios, estabelecendo regras de intercâmbio de profissionais no âmbito do SUS entre as municipalidades e a UFFS.
O deputado Dirceu Dresch (PT) elogiou a intenção da UFFS de “apostar na prevenção”, e defendeu a formação de médicos que atendam os catarinenses, “tenham ou não dinheiro”. Para o parlamentar, a partir do programa Mais Médicos, do governo federal, “a sociedade brasileira não aceitará mais não ser atendida”.

Contratando professores
O vice-reitor da UFFS, Antonio Inácio Andreoli, informou que a universidade já está contratando professores para lecionar no curso de medicina. “O edital já foi lançado e a prova será dia 8 de junho. Queremos contratar professores para seis áreas”, explicou.

A opinião dos oestinos
Zenaide Coletto, representante do Movimento de Mulheres Camponesas, argumentou que o “movimento do campo tem sonhado junto” com os idealizadores do curso de medicina da UFFS e destacou a importância de priorizar a saúde pública, com ênfase na prevenção e disseminação de hábitos saudáveis.
Jamile Mocelin, que cursa medicina na Univali, em Itajaí, agradeceu o esforço de todos aqueles que se envolveram na estruturação do curso de medicina da UFFS. Ela informou que pretende se candidatar a uma vaga, uma vez que frequentou o ensino médio em escola pública. “Quero trabalhar e estudar perto de casa, para cuidar do povo que amo. Muito obrigada de coração”, declarou.

Prestígio local
Participaram da audiência o procurador de Justiça Rafael Alberto da Silva Moser, o defensor público João Coutinho, os vereadores de Chapecó Nacir Marchesini,Cleiton Fossá e Professor Cleber Ceccon, a coordenadora do curso de medicina da Unochapecó, Aldarice Pereira da Fonseca, bem como profissionais da saúde, representantes dos movimentos sociais e estudantes do ensino médio da região Oeste.

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