“Nenhuma imagem é tão significativa, neste momento, quanto às lembranças de uma professora, que recentemente se aposentou aqui no Instituto Estadual de Educação, e que em conversas em grupo ou individual nos falava dos vários momentos de sua vida e, em especial, das greves que participou.
Não foram poucas e não foram simples. 33 anos de magistério ela tinha e, portanto, imaginem quantos governos ela não passou: De Pedro Ivo passando por Paulo Afonso até chegar ao Luiz Henrique, época em que se aposentou. E, agora aposentada, enfrenta a do Senhor Colombo.
Mas, não quero ser prolixo, me dirijo aos professores do oeste (brincamos aqui dizendo “do velho oeste”, fazendo uma alusão, óbvio, aos corajosos dos filmes de Western) porque está professora ao qual me referi é daí e participou, coordenou muitas greves da região e viveu grande parte desta história que relatei nas cidades desta região. Especialmente São Miguel do Oeste.
Dizia-me ela: “Percorria todas àquelas cidades: São Miguel, Chapecó, Concórdia, Maravilha, Xanxerê etc. muitas vezes peitando diretor e coordenador regional pra manter a greve!”
E dizia de uma forma contagiosa. Cheia de orgulho. Repleta de saudosismo!
E eu perguntava: Era difícil naquela época?
“Se era difícil? _ respondia ela _ Era quase que insuportável. Havia o coronelismo, perseguições, ameaças! Alguns professores passaram fome por corte de salário, continuava ela, pedíamos comida de vizinhos, comerciantes e levávamos na casa do professor. Emprestávamos dinheiro, fazíamos rifas, todos se ajudavam!”
E assim eram as nossas conversa e quanto mais ela falava mais ela se empolgava e se não fosse o tempo ela provavelmente não pararia de falar. O mais engraçado é que, apesar de parecer algo chato de se ouvir, não era essa a sensação que tanto eu, assim como outros, tínhamos. Vivíamos aquela história como se também estivéssemos participando dela. E quando estourou a greve no governo de Luiz Henrique, eu, um professor sem experiência em greve, não me senti inexperiente. Aguçado pelos relatos dela, senti-me reconfortado como se tivesse vivido e experimentado todas aquelas greves. E fiz discursos e alimentei a força da luta como um velho mestre.
Meu relato chega ao dia 6 de julho de 2011 e aqui, evidentemente, é o ponto onde eu queria chegar. Nesta data, já ao amanhecer, havia uma energia diferente no ar. Naquele momento angustiado que estava ao me deparar com a rua senti-me, no mínimo, diferente. Alguma coisa me dizia que a assembléia não iria se deixar enganar. E assim foi. Mas, apesar de toda energia e emoção, uma coisa em particular, já na assembléia, nos chamou a atenção: Certo vazio. Certa quebra. Um hiato! E não fui eu, mas um entre nós que disse ao ser perguntado sobre um espaço vazio na arquibancada:
“Está faltando à galera do oeste!”
E não demorou a começar a discussão e ligeiramente nos veio os relatos desta professora sobre o histórico de lutas do oeste e mais do que ligeiramente veio o comentário unânime:
“Cara! Não dá pra acreditar que eles desistiram! Que estão acreditando em promessas! Que andaram 50 dias e agora, tão perto da porta de entrada, fazem meia volta e retornam ao caminho inverso. É duro de acreditar!”
Aí aconteceu o inacreditável: logo em seguida alguém toma o microfone e começa o discurso:
“Que sou “não-sei-da-onde” (e não lembro mesmo) e gostaria de fazer um desabafo: Desde pequeno que ouço, que os primeiros a levantar a bandeira da luta, os primeiros a fazer a marcha, a entrar na guerra e, ainda, os últimos a desistir são os professores do Oeste e blá blá blá…”
Olhamos-nos e falamos: “Que coincidência!”
E o sujeito continuou e, infelizmente, sei lá porque, disse o que não deveria dizer. De fato, não vou esconder isto realmente aconteceu e, ainda que ninguém ainda tenha feito ou ele próprio não o fez, vimos nós, do IEE e, tenho certeza, todos que estavam na Assembléia, publicamente, humildemente e envergonhadamente pedir desculpas a todos os professores da REGIÃO OESTE
Aproveitamos pra dizer que o discurso deste professor não representa a opinião da maioria e que não só eu, bem como, todos do IEE (especialmente pelas lembranças que esta professora descrita acima nos traz pelo seu espírito de luta e simpatia) temos convicção que a postura destas regionais que suspenderam a greve é fruto de uma leitura daquele momento em particular.
Contudo, temos uma nova situação. A saber: A confirmação da continuidade da greve. E se nos colocamos aqui, publicamente, é porque temos certeza de que a descrição que por várias vezes tal professora nos fez, ou seja, da postura heróica e guerreira dos companheiros das cidades desta região são de fato a postura e descrição exata de todos das cidades desta região. Estamos igualmente convictos que não nos deixarão carregar este fardo sozinho, pois nós todos, que decidimos pela continuidade, não temos forças para tanto e nossos ombros também estão cansados. Por isso pedimos: Voltem a dividir este peso com a gente.
POR FIM, HUMILDEMENTE, PEDIMOS QUE RECONSIDERASSEM A DECISÃO DE SUSPENDER A GREVE E NOS ACOMPANHASSEM NESTA LUTA, POIS TEMOS CONVICÇÃO DE QUE A VITÓRIA VAI ACONTECER E SERÁ MAIS RÁPIDA SE VOCÊS ESTIVEREM AO NOSSO LADO.
Com sinceros desejos de sucesso, Assinado: Guevara, o Che. *Dedicado a Professora Celina T. M. R. (guerreira do oeste e do litoral)
Fonte: http://wp.clicrbs.com.br/moacirpereira/2011/07/09/?topo=67,2,18,,,67
Não foram poucas e não foram simples. 33 anos de magistério ela tinha e, portanto, imaginem quantos governos ela não passou: De Pedro Ivo passando por Paulo Afonso até chegar ao Luiz Henrique, época em que se aposentou. E, agora aposentada, enfrenta a do Senhor Colombo.
Mas, não quero ser prolixo, me dirijo aos professores do oeste (brincamos aqui dizendo “do velho oeste”, fazendo uma alusão, óbvio, aos corajosos dos filmes de Western) porque está professora ao qual me referi é daí e participou, coordenou muitas greves da região e viveu grande parte desta história que relatei nas cidades desta região. Especialmente São Miguel do Oeste.
Dizia-me ela: “Percorria todas àquelas cidades: São Miguel, Chapecó, Concórdia, Maravilha, Xanxerê etc. muitas vezes peitando diretor e coordenador regional pra manter a greve!”
E dizia de uma forma contagiosa. Cheia de orgulho. Repleta de saudosismo!
E eu perguntava: Era difícil naquela época?
“Se era difícil? _ respondia ela _ Era quase que insuportável. Havia o coronelismo, perseguições, ameaças! Alguns professores passaram fome por corte de salário, continuava ela, pedíamos comida de vizinhos, comerciantes e levávamos na casa do professor. Emprestávamos dinheiro, fazíamos rifas, todos se ajudavam!”
E assim eram as nossas conversa e quanto mais ela falava mais ela se empolgava e se não fosse o tempo ela provavelmente não pararia de falar. O mais engraçado é que, apesar de parecer algo chato de se ouvir, não era essa a sensação que tanto eu, assim como outros, tínhamos. Vivíamos aquela história como se também estivéssemos participando dela. E quando estourou a greve no governo de Luiz Henrique, eu, um professor sem experiência em greve, não me senti inexperiente. Aguçado pelos relatos dela, senti-me reconfortado como se tivesse vivido e experimentado todas aquelas greves. E fiz discursos e alimentei a força da luta como um velho mestre.
Meu relato chega ao dia 6 de julho de 2011 e aqui, evidentemente, é o ponto onde eu queria chegar. Nesta data, já ao amanhecer, havia uma energia diferente no ar. Naquele momento angustiado que estava ao me deparar com a rua senti-me, no mínimo, diferente. Alguma coisa me dizia que a assembléia não iria se deixar enganar. E assim foi. Mas, apesar de toda energia e emoção, uma coisa em particular, já na assembléia, nos chamou a atenção: Certo vazio. Certa quebra. Um hiato! E não fui eu, mas um entre nós que disse ao ser perguntado sobre um espaço vazio na arquibancada:
“Está faltando à galera do oeste!”
E não demorou a começar a discussão e ligeiramente nos veio os relatos desta professora sobre o histórico de lutas do oeste e mais do que ligeiramente veio o comentário unânime:
“Cara! Não dá pra acreditar que eles desistiram! Que estão acreditando em promessas! Que andaram 50 dias e agora, tão perto da porta de entrada, fazem meia volta e retornam ao caminho inverso. É duro de acreditar!”
Aí aconteceu o inacreditável: logo em seguida alguém toma o microfone e começa o discurso:
“Que sou “não-sei-da-onde” (e não lembro mesmo) e gostaria de fazer um desabafo: Desde pequeno que ouço, que os primeiros a levantar a bandeira da luta, os primeiros a fazer a marcha, a entrar na guerra e, ainda, os últimos a desistir são os professores do Oeste e blá blá blá…”
Olhamos-nos e falamos: “Que coincidência!”
E o sujeito continuou e, infelizmente, sei lá porque, disse o que não deveria dizer. De fato, não vou esconder isto realmente aconteceu e, ainda que ninguém ainda tenha feito ou ele próprio não o fez, vimos nós, do IEE e, tenho certeza, todos que estavam na Assembléia, publicamente, humildemente e envergonhadamente pedir desculpas a todos os professores da REGIÃO OESTE
Aproveitamos pra dizer que o discurso deste professor não representa a opinião da maioria e que não só eu, bem como, todos do IEE (especialmente pelas lembranças que esta professora descrita acima nos traz pelo seu espírito de luta e simpatia) temos convicção que a postura destas regionais que suspenderam a greve é fruto de uma leitura daquele momento em particular.
Contudo, temos uma nova situação. A saber: A confirmação da continuidade da greve. E se nos colocamos aqui, publicamente, é porque temos certeza de que a descrição que por várias vezes tal professora nos fez, ou seja, da postura heróica e guerreira dos companheiros das cidades desta região são de fato a postura e descrição exata de todos das cidades desta região. Estamos igualmente convictos que não nos deixarão carregar este fardo sozinho, pois nós todos, que decidimos pela continuidade, não temos forças para tanto e nossos ombros também estão cansados. Por isso pedimos: Voltem a dividir este peso com a gente.
POR FIM, HUMILDEMENTE, PEDIMOS QUE RECONSIDERASSEM A DECISÃO DE SUSPENDER A GREVE E NOS ACOMPANHASSEM NESTA LUTA, POIS TEMOS CONVICÇÃO DE QUE A VITÓRIA VAI ACONTECER E SERÁ MAIS RÁPIDA SE VOCÊS ESTIVEREM AO NOSSO LADO.
Com sinceros desejos de sucesso, Assinado: Guevara, o Che. *Dedicado a Professora Celina T. M. R. (guerreira do oeste e do litoral)
Fonte: http://wp.clicrbs.com.br/moacirpereira/2011/07/09/?topo=67,2,18,,,67
E agora que o governador ganhou na justiça para não nos devolver o dinheiro. o sinte pode recorrer. vamos ficar na mão fizemos greve pra que e nossas contas......trabalhamos porque precisamos.......me esclareça.....nos repassem informações......por gentileza...
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