domingo, 24 de julho de 2011

MENSAGEM DA COORDENADORA ESTADUAL DO SINTE /SC.

DEPOIS DA GREVE HISTÓRICA DE 2011: A Educação jamais será a mesma em Santa Catarina
                                                                                          (Julho de 2011)

É de Paulo Freire, o pensamento: “A pessoa conscientizada tem uma compreensão diferente da história e de seu papel nela. Recusa acomodar-se, mobiliza-se, organiza-se para mudar o mundo.” É com as palavras desse educador incomum, que quero expressar toda minha gratidão aos colegas, trabalhadores em educação de Santa Catarina, ativos e aposentados, que transformaram consciência em ação, organização, e, acima de tudo, união. Juntos construímos uma das mais belas histórias da educação catarinense, que foi capaz inclusive de envolver toda a sociedade, tornando a educação a pauta política da população, da opinião pública, dos poderes, por cerca de três meses.
Podemos afirmar, sem medo, de que a Educação jamais será a mesma em Santa Catarina, após esta grande manifestação de cidadania, de embates e processos de mediação nas diferentes instâncias de poder político, institucional, midiático, social, do nosso Estado. Outros movimentos históricos de grande repercussão foram protagonizados pelos educadores catarinenses, porém nenhum atingiu tão profundamente o centro do poder político e institucional como este. Neste sentido constitui-se num marco na história da educação pública de Santa Catarina. A força da nossa união e luta, clamando por justiça e direitos, deixou lição a milhares de outros trabalhadores do serviço público e do setor privado e este resultado é transformador das relações sociais e econômicas, razão pela qual nunca se apagará da história. Ao mesmo tempo que isto nos orgulha, nos impõe maior responsabilidade. Precisamos manter a luta e também continuar na vanguarda por mais transformações e mudanças.
Não temos dúvidas sobre as grandes conquistas desta greve, porém não podemos baixar a guarda, eis que a nossa pauta de reivindicações ainda estará em processo de negociação nos próximos meses. A luta que na greve tomou uma dimensão excepcional continua de outra forma, sem perder a perspectiva inicial. Aqui reside algo novo: conseguimos fazer uma luta histórica, com apoio social e respaldo da opinião pública, sem transigir nas reivindicações da categoria, contudo sem perder a capacidade de interlocução com os poderes constituídos, em especial o governo do Estado. Isto nos mostra que o jeito de fazer Sindicato, de conduzir as lutas, se faz melhor quando se respeita os valores éticos sociais da maioria da categoria, que vê na mediação com a sociedade e com os poderes constituídos um caminho que precisa ser preservado, sem abrir mão de direitos. A capacidade de diálogo, confere ao que dialoga a prerrogativa do reconhecimento da outra parte e isto se transfere para a opinião pública e à sociedade, dando status de maior importância às reivindicações. Assim, diferentemente do que alguns poucos tentaram passar, de forma truculenta e desrespeitosa, à categoria, de que o comando estava entregando a greve ao governo, a capacidade de abrir e reabrir as negociações e agora continuar negociando, não significa sucumbência e prejuízos, mas autonomia, enquanto ator social e ampliação da capacidade de reivindicar.
Foi através da forte atuação política dos professores, em cada município, em cada Regional do Sinte e da lucidez e equilíbrio do Comando de Greve que pudemos manter uma negociação séria e coerente com o governo do Estado e enfrentar suas manobras políticas. Houve sintonia entre base e direção, entre as estruturas regionais do Sinte e a estrutura estadual. E assim, enquanto trabalhávamos, incessantemente, à frente das negociações, todas as Regionais do SINTE mantinham acesa a chama da mobilização. Por isso, a luta se fortaleceu, os trabalhadores da educação se fortaleceram diante da comunidade escolar, o Sindicato se fortaleceu, a Educação se fortaleceu em Santa Catarina. E esta é história e isto marcará a história.
Como Coordenadora Estadual do SINTE/SC, meu maior desejo é que todos os colegas percebam a grandeza da nossa luta unificada e que permaneçamos assim, pois, juntos, somos muito mais fortes.
Fortalecer o Sindicato, a nossa luta, a qualidade da educação, são compromissos que precisamos manter, mesmo que a tarefa após a greve seja exaustiva, exigindo de nós atenção na luta e compromisso com nossa tarefa diária de dar a melhor educação possível às nossas crianças e jovens, apesar do governo não estar comprometido com uma educação de qualidade à grande maioria da população.
Por isso, reitero, aqui, junto com meu agradecimento a todos, e a cada um e cada uma, meu pedido para que nos mantenhamos unidos e fortes, tendo como objetivo maior, sempre, vida digna à categoria e educação de qualidade aos filhos dos trabalhadores catarinenses. O caminho é um só: mobilização e luta constantes!

Grande abraço,

Alvete Pasin Bedin –
Coordenadora
SINTE/SC

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