(Da
Redação da Agência PT de Notícias, com informações da Agência Brasil)
Cerca
de sete mil pessoas participam, em ato histórico, da 1ª Marcha das Mulheres
Negras, hoje, em Brasília. Elas marcharam rumo à Esplanada dos Ministérios, em
protesto contra a violência e a desigualdade racial. As manifestantes fecharam
parte do Eixo Monumental, na altura do Estádio Nacional Mané Garrincha, no
sentido do Memorial JK.
(A
Regional do SINTE de Chapecó está presente, no grande e importante evento, através
da participação da professora Mara Rosane Costa Maria, da Escola de Educação
Básica São Francisco.)
“O
que está acontecendo hoje não é uma manifestação de 2015, é uma manifestação
histórica, por exigência de igualdade de gênero e raça. A gente sabe, a partir
de dados de vários institutos de pesquisa, que a mulher negra é colocada num
lugar de inferioridade”, afirma a estudante de geografia Tais Teles, 28 anos.
Ela participa de uma caravana de diversos coletivos de mulheres do oeste
paulista.
A
deputada Janete Capiberibe (PSB-AP) disse que se juntou ao movimento, para lutar
contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 215), contra a discriminação
das mulheres negras no Sistema Único de Saúde (SUS) e a favor do reconhecimento
das parteiras tradicionais.
“A
mulher negra sofre na saúde, nos atendimentos do SUS. Os médicos não olham
essas mulheres, principalmente os ginecologistas e obstetras. E a marcha também
apoia o projeto das parteiras tradicionais, para regulamentar a sua atividade e
definir um salário para essas mulheres que estão nas comunidades longínquas,
onde nenhum profissional da saúde chega”, disse.
A
deputada Maria do Rosário, que já foi ministra da Secretaria de Direitos
Humanos, disse que a marcha ocorre, em um momento importante de mobilização das
mulheres em prol de direitos. “Essa marcha acontece em um momento de
retrocessos na lei que trata da violência contra mulheres, através do Projeto
de Lei 5069, que trata as vítimas de estupro como um caso de delegacia,
obrigando as mulheres a irem à delegacia, antes de serem atendidas no sistema
de saúde”, disse.
Presente
à marcha, a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) defendeu maior atenção às
mulheres negras com mais de 60 anos. “Nós nascemos e queremos garantir a vida
depois do nascimento. Nós nos tornamos jovens, adultas e envelhecemos. Queremos
envelhecer com dignidade, respeito. Temos o Estatuto do Idoso, mas queremos que
este estatuto tenha um recorte racial. Se somos maioria, envelhecemos também em
maioria”.
Dados do último Censo (2010) indicam que as
mulheres negras são 25,5% da população brasileira (48,6 milhões de pessoas) e
são as maiores vítimas de crimes violentos. De 2003 para 2013, o assassinato de
mulheres negras cresceu 54,2%, segundo o Mapa de Violência 2015: Homicídios de
Mulheres no Brasil. No mesmo período, o índice de assassinatos de mulheres
brancas recuou 9,8%, segundo o estudo feito pela Faculdade Latino-Americana de
Ciências Sociais (Flacso), a pedido da ONU Mulheres.
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