quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Em ato histórico, Marcha das Mulheres Negras reúne cerca de sete mil pessoas em Brasília

(Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da Agência Brasil)

Cerca de sete mil pessoas participam, em ato histórico, da 1ª Marcha das Mulheres Negras, hoje, em Brasília. Elas marcharam rumo à Esplanada dos Ministérios, em protesto contra a violência e a desigualdade racial. As manifestantes fecharam parte do Eixo Monumental, na altura do Estádio Nacional Mané Garrincha, no sentido do Memorial JK.
(A Regional do SINTE de Chapecó está presente, no grande e importante evento, através da participação da professora Mara Rosane Costa Maria, da Escola de Educação Básica São Francisco.)
“O que está acontecendo hoje não é uma manifestação de 2015, é uma manifestação histórica, por exigência de igualdade de gênero e raça. A gente sabe, a partir de dados de vários institutos de pesquisa, que a mulher negra é colocada num lugar de inferioridade”, afirma a estudante de geografia Tais Teles, 28 anos. Ela participa de uma caravana de diversos coletivos de mulheres do oeste paulista.
A deputada Janete Capiberibe (PSB-AP) disse que se juntou ao movimento, para lutar contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 215), contra a discriminação das mulheres negras no Sistema Único de Saúde (SUS) e a favor do reconhecimento das parteiras tradicionais.
“A mulher negra sofre na saúde, nos atendimentos do SUS. Os médicos não olham essas mulheres, principalmente os ginecologistas e obstetras. E a marcha também apoia o projeto das parteiras tradicionais, para regulamentar a sua atividade e definir um salário para essas mulheres que estão nas comunidades longínquas, onde nenhum profissional da saúde chega”, disse.
A deputada Maria do Rosário, que já foi ministra da Secretaria de Direitos Humanos, disse que a marcha ocorre, em um momento importante de mobilização das mulheres em prol de direitos. “Essa marcha acontece em um momento de retrocessos na lei que trata da violência contra mulheres, através do Projeto de Lei 5069, que trata as vítimas de estupro como um caso de delegacia, obrigando as mulheres a irem à delegacia, antes de serem atendidas no sistema de saúde”, disse.
Presente à marcha, a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) defendeu maior atenção às mulheres negras com mais de 60 anos. “Nós nascemos e queremos garantir a vida depois do nascimento. Nós nos tornamos jovens, adultas e envelhecemos. Queremos envelhecer com dignidade, respeito. Temos o Estatuto do Idoso, mas queremos que este estatuto tenha um recorte racial. Se somos maioria, envelhecemos também em maioria”.
Dados do último Censo (2010) indicam que as mulheres negras são 25,5% da população brasileira (48,6 milhões de pessoas) e são as maiores vítimas de crimes violentos. De 2003 para 2013, o assassinato de mulheres negras cresceu 54,2%, segundo o Mapa de Violência 2015: Homicídios de Mulheres no Brasil. No mesmo período, o índice de assassinatos de mulheres brancas recuou 9,8%, segundo o estudo feito pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), a pedido da ONU Mulheres.
 
 
 
 
 
 

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