terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Para Frei Betto, só mobilização popular pode tornar educação 'prioridade nacional’

Frei Betto, colunista da Rádio Brasil Atual, que, recentemente, esteve em Chapecó, ressaltou que o Brasil tem baixo investimento educacional. Segundo ele, a realidade pode mudar, com a aprovação do Plano Nacional de Educação, que prevê 7% do PIB para o setor.
por Redação RBA

São Paulo – O escritor e comentarista da Rádio Brasil Atual, Frei Betto, afirmou, em sua coluna semanal, na Rádio Brasil Atual, a importância de haver uma mobilização popular em torno da melhoria do sistema educacional brasileiro. “Cabe a todos nós, ação cidadã, para que a educação seja o quanto antes considerada prioridade nacional”, disse.
No início de dezembro, dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), medidor da qualidade de educação de alunos de 6 a 15 anos em todo o mundo, constataram que o Brasil ocupou a 58ª posição em matemática, 55ª em leitura e em 59ª em ciências dentre os 65 países participantes do ranking avaliados entre 2003 e 2012. Apesar de ser o país que conseguiu a maior evolução do desempenho em matemática, o Brasil ainda figura nas posições mais baixas do relatório.
“O ensino público está sucateado, os professores ganham mal e não dispõem de tempo de pesquisa e aprimoramento. As instalações das escolas são precárias e a falta de tempo integral dos alunos na escola nos impede de vir a ser uma nação culta com profissionais altamente qualificados. Não dispomos sequer de um plano de valorização do professor”, argumenta o comentarista.
Segundo o Pisa, o governo brasileiro gasta cerca de R$ 63 mil na educação de cada aluno entre os 6 e 15 anos. O valor corresponde a menos de um terço dos R$ 196 mil mundialmente recomendados.
Frei Betto reforça que o investimento brasileiro em educação é mínimo. “Pouco mais de 5% do nosso Produto Interno Bruto são destinados à educação. O Plano Nacional de Educação propõe subir esse investimento para 7%, mas ainda é pouco. O ideal seria 10%, como fizeram os países da Ásia, que hoje ocupam os primeiros lugares em educação de qualidade, como a China, a Coreia do Sul, o Japão etc.”
O Plano Nacional de Educação (PNE) é um projeto de lei (PL 8.035/10) que estabelece diretrizes para a melhoria na qualidade da educação pública brasileira a se cumprir até 2020 e tramita no Congresso Nacional desde 2010. O PNE poderá ser votado hoje pelo Senado, caso não seja adiado, como ocorreu na última semana. O projeto seria votado na última quarta-feira, mas a discussão foi adiada para esta terça-feira, devido ao baixo quórum de senadores na sessão.
Ouça o comentário completo de Frei Betto à Rádio Brasil Atual:

Impasse
Movimentos temem que Plano Nacional de Educação sofra retrocessos no Senado

Projeto de lei que cria o PNE deverá ser votado por senadores nesta terça-feira; mas como sofreu alterações, voltará à Câmara e só será aprovado em 2014
por Redação da RBA

São Paulo – Depois de começar a ser discutido no plenário do Senado e ter sua votação adiada, o Projeto de Lei (PLC 103/2012) que institui o Plano Nacional de Educação (PNE) deverá ser votado amanhã (17) pelos senadores. Entre os ativistas dos movimentos em defesa da educação pública, porém, paira o temor de que esses parlamentares sigam a recomendação do relator, o senador Eduardo Braga (PMDB-AM), e aprovem o substitutivo de Vital do Rêgo (PMDB-PB).
O relatório do peemedebista desobriga a União de expandir matrículas na educação técnica de nível médio e na educação superior, transferindo toda a demanda financeira para estados, Distrito Federal e municípios. Para o coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, o mais grave é que o governo ficará livre também de contribuir com estados e municípios na ampliação e melhoria da qualidade da educação em creches, no ensino fundamental e médio com a adoção de um novo cálculo para o financiamento da educação, o Custo Aluno-Qualidade Inicial (CAQi) e do CAQ (Custo Aluno-Qualidade).
Por isso, de acordo com ele, os setores que compõem a campanha ainda trabalham para tentar reverter esse possível retrocesso entre os senadores e também na Câmara, para onde o projeto voltará por ter sofrido alterações no Senado. O PNE foi enviado à Câmara pelo então presidente Lula e tramita há três anos.
Entre as articulações, a campanha requereu aos senadores a retirada de dispositivos que venham a desrespeitar o princípio do investimento público em educação pública, coibindo assim manobras no financiamento da educação. Como vão acompanhar a votação amanhã, os integrantes da rede vão soltar uma lista com o nome dos senadores que votarem contra os interesses da educação nacional e pela desresponsabilização do Estado brasileiro com o direito à educação.
Prioridade
Ontem (16), o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, lamentou que o PNE não tenha sido aprovado em caráter terminativo e afirmou acreditar na aprovação na retomada das atividades parlamentares, no próximo ano. “Espero que essa matéria seja eleita prioridade estratégica logo na retomada dos trabalhos. Como (ela) é para o país deve ser para o Congresso. Já perdemos tempo demais na tramitação e precisamos resolver isso. Assim que voltar (às atividades), a Câmara dará prioridade absoluta e encerraremos esse capítulo”, disse ele, que participou de solenidade de entrega do 27° Prêmio Jovem Cientista, no Palácio do Planalto.
O PNE estabelece 20 metas para melhorias na educação pelos próximos dez anos, entre elas, a universalização do ensino fundamental e do ensino médio e a oferta de creches e ensino integral. Além disso, define a destinação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação e prevê a participação dos tribunais de Contas da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios no acompanhamento da meta de ampliação do investimento público em educação.

Com informações da Agência Brasil

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