quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Nota Pública - SINTE/SC

Resposta às declarações de Eduardo Deschamps ao Diário Catarinense

Em sua fala ao Diário Catarinense, de 28/10, o secretário Eduardo Dechamps afirma que o Sindicato se descolou da base, pois, na versão da SED, apenas 10% dos/as profissionais da educação aderiram à greve, o que não reflete a realidade dos fatos.
Afirma, também, que 90% dos/as profissionais que não aderiram à greve sinalizava que queriam o avanço da discussão, para uma nova carreira para o magistério catarinense. A fala do secretário de que um grupo minoritário, dentro do Sindicato, não queria que a discussão da carreira avançasse não é verdadeira, pois nenhum profissional, de qual seja o grupo, se posicionou contrário à discussão da carreira. Pelo contrário, a categoria toda espera por esta discussão, desde 2011, tanto que a estrutura da carreira que o governo está apresentando foi discutida e aprovada pelos/as profissionais do magistério público catarinense, em 2011, na cidade de Lages.
O secretário esqueceu de mencionar que a não adesão à greve se deu, em função da política de punições, adotada pelo governo contra os/as trabalhadores/as, que municiou sua tropa de choque com um grande arsenal de punições e coações contra ACTs, ingressantes que se encontravam em estágio probatório, ameaçando-os de demissão, num processo de constrangimento constante contra os/as que queriam apenas defender seus direitos. A verdade é que toda a categoria quer uma carreira que valorize e respeite os/as profissionais, o que não vem sendo feito pelo governo do Estado, pois, durante o processo de negociação, os acordos firmados na mesa foram ignorados pelo governo, que mudou percentuais, prazos e valores, além de não cumprir o compromisso de anistiar as faltas das mobilizações, uma vez que todas as aulas já foram repostas.
Todos/as temos conhecimento de que uma estrutura de carreira, com mais de trinta anos, não consegue atender a realidade atual da categoria, pois novos quadros de profissionais são necessários, para atender a demanda, em função do aumento da necessidade de mais trabalhadores/as da educação. O avanço rumo a uma escola de qualidade só será possível, se levarmos em conta a necessidade de um quadro de profissionais habilitados/as, para atender os laboratórios, salas informatizadas, bibliotecas, entre outros, que, infelizmente, inexistem no quadro atual de carreira. Além disso, a estrutura da maioria de nossas escolas está muito aquém do mínimo necessário para um atendimento adequado aos nossos/as alunos/as.
O secretário não informa que seu objetivo, ao incorporar a regência, é apenas elevar nominalmente o valor do Piso. Com isso, não reconhece o Piso na Carreira, e deixa de aplicar a política de reajuste anual, estabelecida pelo MEC, pois, de acordo com a lógica do governo, o valor inicial, com a incorporação da regência, fica acima do valor inicial do Piso. Com isso, o governo não precisa aplicar o reajuste anual, justificando a legalidade, quando, na verdade, a Lei do Piso garante o reajuste na Carreira, não somente como valor inicial.
Se a política do governo fosse mesmo contra os penduricalhos, como fala o Sr. secretário, a regência seria incorporada ao salário, e o reajuste previsto pela Lei do Piso, aplicado anualmente na Carreira. Dessa maneira, estaria sendo preservado o percentual incorporado, e a descompactação estaria sendo feita de forma real, sem usar nosso próprio dinheiro para elevar nominalmente o valor do Piso.
Ao falar nos percentuais de reajuste dados desde 2011, que ficam entre 80% e 210%, o senhor secretário esquece que a realidade salarial dos/as profissionais da educação de Santa Catarina figurava entre as piores do País. Mesmo com os reajustes aplicados, após uma luta judicial de cinco anos, ainda figura entre os piores índices salariais do País. Isto é muito estranho, para o Estado que tem um dos melhores índices de desenvolvimento humano do País.
A proposta que o governo está querendo implementar não é o que queremos, nem o que negociamos. Pode acreditar, senhor secretário, não é o que a categoria quer. O que o governo pretende é apenas economizar.
É preciso que o governo tenha mais seriedade e transparência, em suas afirmações, e não tente dividir a categoria, fazendo ilações e falando inverdades, na tentativa de deslegitimar a entidade. Podemos ter divergências internas, na maneira de conduzir nossa luta, e isto faz parte do processo democrático. Porém, todos/as sabemos o que queremos, e o nosso objetivo é o mesmo: a defesa incondicional da categoria.
Veja aqui as declarações de Deschamps ao DC:

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